domingo, 1 de julho de 2012

MISSA TRIDENTINA - CARACTERÍSTICAS


Hoje abordaremos as principais características da missa tridentina, principalmente as que a difere da missa nova. As características mais visíveis da missa tridentina são o uso do latim como língua litúrgica assim como a posição do sacerdote, de costas para os fiéis.

O uso da língua latina serve para lembrar a todos que a missa é baseada na tradição, pelo fato de ser uma língua morta, passando a idéia que a Igreja tem 2000 anos de história. Já a posição "de costas ao povo" é mais corretamente definida como "Ad orientem", ou seja, para o leste, direção da Terra Santa, onde Jesus foi crucificado. Na Missa Tridentina, esta posição é também conhecida como "versus Deum", já que nesta Missa o padre fica voltado para Deus Filho (guardado no Sacrário sob as espécies consagradas, segundo a Fé Católica). O padre assume, assim, postura idêntica à do povo, dirigindo as orações da Missa a Deus. Na Missa tridentina só o sacerdote e um acólito, sacristão ou ajudante proferiam os textos da missa.

Orações ao pé do altar

A Missa tridentina começa com as chamadas orações ao pé do altar, por serem proferidas no fundo dos degraus, antes de subir ao altar. São compostas pelo salmo 42 acompanhado pela antífona Introibo ad altare Dei.

Após um versículo, o Confiteor (Confissão) é rezado duas vezes, primeiro pelo sacerdote, depois pelo ajudante, com as respectivas orações de absolvição. Após um responsório, o sacerdote sobe então ao altar e beija-o, proferindo outras duas orações.

No Kyrie, cada invocação é proferida três vezes, e não apenas duas, como na atualidade.

No Glória a Deus nas alturas prevêem-se alguns gestos tais como inclinações e o sinal da cruz ao proferir certas palavras.

Depois de mais uma saudação Dominus vobiscum (O Senhor esteja convosco), o sacerdote profere uma ou várias orações colectas, enquanto que actualmente é sempre apenas uma.

Missa dos catecúmenos ou Ante-missa

A Missa tridentina propõe na maioria das vezes apenas uma leitura antes do Evangelho, geralmente tirada do Novo Testamento, enquanto que o rito actual propõe duas leituras aos domingos e solenidades. Segue-se o chamado Gradual, composto por um refrão e um versículo, substituído actualmente pelo Salmo Responsorial. Tal como hoje, antes do Evangelho era dito o aleluia ou outro texto.

No Credo prevêem-se alguns gestos agora abandonados, como no Glória. Não existe a oração dos fiéis.



Sacrifício

Ofertório

É a parte da missa tridentina que apresenta maiores diferenças em relação à prática atual.

Na apresentação do pão e do vinho são ditas fórmulas que expressam oferecimento já em sentido sacrificial, substituídas actualmente por outras que exprimem a simples apresentação.

Duas outras orações invocam o Espírito Santo e recordam os mistérios da salvação assim como alguns santos. Foram eliminadas por Paulo VI pelas mesmas razões das anteriores.

O rito do Lavabo é acompanhado por uma longa secção do salmo 25, enquanto que atualmente é o apenas por um versículo do salmo 50.

A incensação, quando realizada, prevê uma série de textos a serem proferidos antes durante e depois, enquanto que actualmente é realizada em silêncio.

O prefácio prevê alguns gestos específicos a realizar durante o diálogo que o precede.

Cânon (Oração Eucarística)

A missa tridentina apresenta uma única Oração Eucarística, o chamado Cânon Romano, que foi o único utilizado durante séculos. O Missal de 1970 apresenta, além desta, outras três Orações Eucarísticas, retiradas da Tradição ou inspiradas noutras liturgias católicas.

Na missa tridentina esta parte é usualmente dita pelo sacerdote em voz baixa.

O texto é o mesmo que se usa actualmente, mas com algumas diferenças em relação aos gestos que o acompanham:
o sacerdote beija o altar por duas vezes
faz ao todo 25 sinais da cruz com a mão ou com a patena (reduzidos a 1 por Paulo VI)
após a consagração o sacerdote não separa os dedos polegar e indicador, que seguraram a hóstia
na consagração genuflecte duas vezes à hóstia e duas ao cálice, uma antes e outra depois da elevação

Além disso, diz sempre todos os nomes dos santos e todas as conclusões Per Christum Dominum nostrum. Amen que se inserem no Cânon (actualmente alguns dos nomes e das conclusões tornaram-se facultativas).

As palavras da consagração da hóstia são apenas Hoc est enim Corpus meum (Isto é o meu Corpo) Na consagração do vinho, as palavras Mysterium fidei (Mistério da fé), que hoje são ditas no final da consagração para introduzir a aclamação dos fiéis, são introduzidas na fórmula de consagração, no meio das palavras de Cristo.



Comunhão

O Pai-nosso é dito apenas pelo sacerdote, e o ajudante diz apenas a última frase. Durante a fórmula que se lhe segue, o sacerdote benze-se e beija a patena e parte a hóstia em três partes, benzendo o cálice com a mais pequena, que depois deita no cálice.

A oração pela paz (Domine Iesu Christe) é dita em silêncio pelo sacerdote, seguindo-se-lhe outras duas fórmulas longas de preparação para a comunhão, e comunga, proferindo em silêncio mais algumas fórmulas.

A comunhão dos fiéis não está propriamente prevista no texto do missal mas, a fazer-se na Missa, os fiéis recitam a Confissão, o sacerdote diz a absolvição respectiva e mostra-lhes a hóstia dizendo Ecce Agnus Dei... (Eis o Cordeiro de Deus...).

A comunhão dos fiéis na missa tridentina é feita sempre na boca e de joelhos, geralmente junto da balaustrada ou grade que separa os presbitério da assembleia. A fórmula dita pelo sacerdote é mais longa que a actual e dita em silêncio fazendo um sinal da cruz com a hóstia.

Segue-se a purificação dos vasos sagrados e das mãos do sacerdote, acompanhadas de mais algumas orações.



Conclusão

Após a última oração, o sacerdote despede a assembleia dizendo Ite, Missa est (Ide, a Missa acabou). Só então tem lugar a bênção, precedida duma oração à Santíssima Trindade.

Por fim, lê-se em todas as Missas o início do Evangelho de São João.

Apesar de não virem assinaladas no missal, têm lugar, antes da saída para a sacristia, as chamadas preces leoninas (por terem sido prescritas pelo Papa Leão XIII) e 3 Avé Marias.

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